sexta-feira, 24 de abril de 2009

Actividade 2 - Abordagem Comunicacional das Relações Interpessoais

Em conclusão, proponho um grande princípio que abarca várias das premissas destas teorias da comunicação.
Promovamos o diálogo.
O diálogo é o que permite a construção e reconstrução de significados, agrupados em grelhas de referência que baseiam a nossa comunicação, que vão mudando com o tempo e em função dos nossos interlocutores que, por sua vez, têm as suas, às quais não prestamos a mínima atenção e a nossa emissão não resulta em termos de significado percebido. Por outras palavras, a pontuação dos factos depende da nossa grelha de significados (modelos internos) e o diálogo permite a sua compreensão, “percebendo as diferenças mas também aproximando as semelhanças” (Costa & Matos, 2007:33). Assim, percebemo-nos a nós e ao outro na relação, mudamos de perspectiva do eu e o outro para o nós, numa atitude de permanente descoberta de nós próprios.
Ouçamos o outro, mas numa escuta activa, numa construção a dois, não só metacomunicando, mas também questionando, contribuindo para um desenvolvimento construtivista.

Actividade 2 - Abordagem Comunicacional das Relações Interpessoais

Bibliografia
Costa, M. E., & Matos, P. M. (2007). Abordagem Sistémica do Conflito. Lisboa: Universidade Aberta.
Fontes, A.; Fonseca, E. e Duarte, S. (2003). Identidade Profissional. Acedido a 04.04.09, em www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/fp/textos_alunos/Anibal-Eduardo-Susana(vf).doc
Sousa, J. Francisco Saraiva de (2007). Interaccionismo Simbólico e Comunicação LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E INTERACÇÃO SIMBÓLICA. Acedido a 04.04.09, em http://cyberdemocracia.blogspot.com/2007/07/interaccionismo-simblico-e-comunicao.html
Hipertexto & Hermenêutica, s.d.. Uma análise do hipertexto na perspectiva do modelo de comunicação da Escola de Palo Alto?. Acedido a 04.04.09, em http://www.hyperlogos.bem-vindo.net/tiki-index.php?page=Modelo+de+Palo+Alto

Modelo da Escola de Palo Alto (s.d.). Acedido a 04.04.09 em http://www.esev.ipv.pt/servicos/upload%5Cma%5C387%5CPalo%20Alto.ppt

Actividade 2 - Abordagem Comunicacional das Relações Interpessoais

1. Interaccionismo Simbólico
Esta formulação teórica tem origem no campo da sociologia e da filosofia e o seu pai foi George Mead (1863 – 1931), e foi continuada na Escola de Chicago, liderada por Herbert Blumer.
Segundo esta perspectiva, o homem é visto como um ser criativo, inovador e livre para definir cada situação de um modo único e imprevisível. Considera o eu e a sociedade como processos e não como estruturas, sendo estes dois – sociedade e eu em conjunto com a mente, os três conceitos cardeais desta teoria, que são ênfases diferentes sobre o processo do acto social.
Defende três premissas fundamentais a saber:
1. O desenvolvimento do sentido de self evolui nos seres humanos pela interacção de cada indivíduo com o outro e com os objectos – esta interacção parte dos significados que os objectos e as pessoas têm para si, ou seja, de símbolos. Na terminologia de Mead, um gesto com significado compartilhado pelos indivíduos na sociedade é um símbolo significante. É através da consciência dos papéis, sentimentos e valores dos outros que toma forma nas nossas mentes o outro generalizado.
Esta interacção é muito notória nos grupos de crianças com que trabalho, com idades entre os 3 e os 6 anos. Nesta fase a criança representa o papel dos outros significativos no seu meio ambiente, fingindo ser outra pessoa e actuando em relação a um receptor, que, na realidade, é ela própria.
Esta fase é crucial para que as crianças se apropriem do conceito do outro organizado e por isso se deve promover as actividades de “faz de conta”.
2. O significado baseia-se na interacção simbólica com outras pessoas ao longo da vida, formando o self, que possui duas facetas: o eu-mesmo, a parte única, impulsiva, espontânea, desorganizada, não-dirigida e imprevisível da pessoa e o mim, que é o outro organizado, composto de padrões organizados e consistentes compartilhados com outros. Todo acto se inicia com um impulso do eu-mesmo, e que passa rapidamente a ser controlado pelo mim, que fornece direcção e orientação.
Qual de nós, professores, não deparámos tantas vezes com situações de comunicação, quer com alunos, familiares ou pares, que se inicia com uma mensagem mais impulsiva, provocatória ou sentida como ofensiva???? Temos que ter o bom senso de não “responder à letra”, pensar bem na resposta e na mensagem e significado que enviamos, para que a situação acalme e, até, se desenvolva num sentido construtivo e formativo.
3. Os significados são manipulados e modificados através de um processo interpretativo usado pela pessoa no trato com as coisas com que se defronta. A pessoa deve avaliar e interpretar a situação e planear uma resposta adequada. Na comunicação, a pessoa interpreta a intenção do outro, elabora a sua resposta sustentada nessa interpretação e exterioriza-se através de gestos simbólicos, que indicam as suas intenções e apontam para aquilo que espera como resposta. Então o significado é interpretado por ambos, resultando uma interacção e boa interpretação das acções. Para isso, é necessário assumir o papel do outro, para se ver a si próprio.
Numa sala de aula, devemos estimular o diálogo, a comunicação, chamando a atenção para estes elementos tão relevantes, como o pormo-nos no lugar do outro, o reflectir sobre a resposta, sem ser impulsivo e espontâneo. Hoje em dia, que cada vez se comunica menos, os jovens falam por monossílabos ou por mensagens de telemóvel, não reflectem sobre as coisas… Incentivemos o diálogo e a comunicação, a interacção…

2. Escola de Palo Alto
Este modelo tem origem nos anos 80 e tem como precursor Bateson e define axiomas de comunicação:
1. Na perspectiva deste modelo, não é possível não comunicar. Sempre que estamos junto com outras pessoas, há sempre comunicação: um olhar, um sorriso, um esgar, até a roupa que se veste, o modo como se anda… todo o comportamento transmite uma mensagem, que pode ser analógica, não verbal, transportando um significado, mesmo sem a comunicação digital, codificada e essencialmente verbal.
De facto, recebemos mensagens dos outros sem serem verbais. É necessário estarmos atentos a estes sinais dos outros, e na escola, quer dos alunos, como dos nossos pares, porque muitas vezes essas mensagens podem ser chamadas de atenção e procura de uma interacção que pode resultar num processo de resolução de problemas.
2. Toda a comunicação tem uma dimensão de conteúdo, em que se transmite os “dados” e uma dimensão de relação, que indica a forma como a mensagem deve ser entendida, sendo que esta classifica a primeira, é uma comunicação sobre a comunicação, constituindo-se uma meta comunicação.
É de reforçar, neste ponto, a necessidade de prestar atenção à comunicação não verbal, observando o contexto relacional e percebendo mais a informação sobre o que o outro realmente nos está a comunicar.
3. A natureza de uma relação depende da pontuação das sequências comunicacionais, sendo que esta organiza os eventos comportamentais (comunicacionais), nem sempre é coincidente com a do outro participante.
4. As permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares, conforme as interacções se baseiam na igualdade ou na diferença de papéis. Na relação simétrica, caracterizada pela igualdade e minimização da diferença, os agentes tendem a reflectir o comportamento um do outro e normalmente são relações de rivalidade, competição. Nas relações de complementaridade, caracterizadas pela maximização da diferença, o comportamento de um complementa o do outro e normalmente são relações de solidariedade.

Actividade 2 - Abordagem Comunicacional das Relações Interpessoais

Introdução
Dado que o homem é um ser social, está constantemente num processo de socialização, numa contínua interacção com os outros e em permanente reconstrução individual.
Todo o ser humano, “mesmo antes de nascer, está inserido num contexto relacional” que vai fundear o seu desenvolvimento, e “desde que nasce até que morre, faz parte integrante de um sistema complexo de relações” que vão consubstanciando a construção de um “modelo de si e um modelo do outro que estruturam a sua personalidade” (Costa & Matos, 2007:7).
Compreendemos a nossa experiência em termos de símbolos e significados que vamos construindo ao longo da vida, produtos das nossas vivências nas relações com os outros. Ao comunicarmos, construímos as nossas realidades que, por sua vez, dão forma à nossa comunicação. Este ciclo de interacção torna a comunicação sistémica e essencial para o desenvolvimento.
“ Toda a acção social é comunicação e toda a comunicação é um processo em que relações, identidades, padrões culturais, valores…são elaborados e transformados” (Costa e Matos, 2006: 8).
A comunicação é fundamentalmente um processo de interacção simbólica, logo implica uma relação entre os indivíduos e exerce-se de variadas formas, desde a verbal à não verbal e depende do significado que se dá à mensagem transmitida quer no seu conteúdo, quer no contexto e na forma.
Demonstrada a relevância da comunicação nas relações interpessoais e no desenvolvimento pessoal e social do ser humano, analisaremos agora, sinteticamente, duas teorias que nos ajudarão a compreender melhor as características da comunicação, nomeadamente, o Interaccionismo Simbólico e a Escola de Palo Alto, relacionando-as com atitudes e estratégias a incentivar na sala de aula de modo a facilitar a comunicação, logo a efectivar a aprendizagem, pois esta baseia-se na relação como modo de efectiva interacção ensino-aprendizagem.