domingo, 10 de maio de 2009

Acção Tutorial - pertinência do tema

Este tema leva-nos a reflectir sobre o acompanhamento aos alunos mais difíceis de "agarrar"...como podemos ajudá-los a integrarem-se no grupo de sala, na escola, na sociedade?

É importante esta reflexão assim como a sua prática, o que aliás está previsto até nos documentos legais, como se refere no trabalho apresentado, mas implica uma reflexão e actuação da própria escola neste sentido. Uma atitude de escola que englobe todos os professores e aglutine equipas com esta função.

Esta atitude de escola, na minha modesta opinião, só é possível com formação para os professores, reflexão conjunta, envolvimento de todos os actores educativos e uma forte liderança que oriente a organização do trabalho da escola no sentido de desenvolver esforços e atitudes de promoção da qualidade de aprendizagem de todos os alunos e professores.

Acção Tutorial - fontes

Bispo, A. V. d. E. d. L. d. P. S. C. d. (2008). O Papel do Professor Tutor na Orientação Educativa e na Gestão da Diversidade. Acedido em 22 de Abril de 2009 de
http://aminhaturma11.blogspot.com/2008/02/ac-c-340-papel-do-professor-tutor-na.html

Center for Activity Theory and Developmental Work Research Texto tema 3 fornecido online
http://www.edu.helsinki.fi/activity/pages/chatanddwr/activitysystem/

Decreto Regulamentar n.º 10/99 de 21 de Junho - Competências das estruturas de orientação educativa. Diário da República. Lisboa:Imprensa Nacional

Learning by Expanding: An Activity - Theoretical Approach to Developmental Research
3. The Zone of Proximal Development as the Basic Category of Expansive Research
http://communication.ucsd.edu/LCHC/MCA/Paper/Engestrom/expanding/toc.htm (capítulo3 http://communication.ucsd.edu/LCHC/MCA/Paper/Engestrom/expanding/ch3.htm ) fornecido online

Odivelas, E. S. d. (s.d.). Regimento Da Tutoria: fornecido online.

Ramírez María De Jesús Jauregui; Flores, Oscar Antonio Velázquez e Pajarito, Elena Iñiguez Pajarito. Un Acercamiento a la Orientación Y Tutoría en Secundaria: La Opinión de los Estudiantes. Dirección de Actualización y Superación del Magisterio en Jalisco
Tutoria.pdf fornecido online

Teorias. Compreender o processo ensino-aprendizagem – concepções teóricas. Acedido em 22 de Abril de 2009 de
http://cmapspublic3.ihmc.us/servlet/SBReadResourceServlet?rid=1184793557828_1873662232_570&partName=htmltext

Zenhas, A. (2001). Professor tutor: que funções e objectivos? Acedido em 22 de Abril de 2009 de http://www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx?contentid=103762311B483A1FE0440003BA2C8E70&channelid=0&schemaid=&opsel=2

Acção Tutorial - reflexão sobre o tema

Acção Tutorial

Poderemos extrair do artigo 10ª do Decreto Regulamentar 10/99 de 21/07/99 algumas das dimensões que envolvem a figura de Professor tutor, quanto à sua função quando se lê “(…)responsáveis pelo acompanhamento, de forma individualizada, do processo educativo de um grupo de alunos, de preferência ao longo do seu percurso escolar”, enunciando um certo perfil ao definir que “As funções de tutoria devem ser realizadas por docentes profissionalizados com experiência adequada e, de preferência, com formação especializada em orientação educativa ou em coordenação pedagógica” e delineando algumas das suas competências: “1. Desenvolver medidas de apoio aos alunos, designadamente de integração na turma e na escola e orientação no estudo e nas tarefas escolares; 2. Promover a articulação das actividades escolares dos alunos com outras actividades formativas; 3. Desenvolver a sua actividade de forma articulada, quer com a família, quer com os serviços especializados de apoio educativo, designadamente os serviços de psicologia e orientação e com outras estruturas de orientação educativa”.
Esta figura emerge da constatação, corroborada por Zenhas (2001), de que cada vez mais chegam e frequentam as nossas escolas alunos com condições muito desiguais nos vários domínios: social, cultural, económico e até de saúde. As dificuldades e os desafios que hoje se colocam às escolas e aos professores em matéria de gestão desta diversidade (sócio-económica e cultural, mas também cognitiva, pessoal, temperamental e de personalidade) e de inclusão das crianças e jovens que a habitam, determinam a urgência de se repensar o(s) modelo(s) de orientação educativa praticado(s). Faz-se “sentir a necessidade de um aluno ser acompanhado por um professor tutor” quando se encontra em condição de risco escolar ou em situações próximas do abandono escolar, quando demonstra “dificuldades de integração”, evidencia “comportamentos altamente perturbadores”, ou comprova “grandes necessidades educativas especiais”. Segundo a autora, devem promover-se as “discriminações positivas” como “tentativas de solucionar a discriminação negativa com que os menos favorecidos chegam à escola”.
Então, a acção de tutoria deve entender-se como uma dinâmica colaborativa entre diversos actores - alunos, docentes, encarregados de educação e outras instituições que intervêm ou podem intervir no processo educativo dos alunos, com diferentes graus de implicação, contribuindo para solucionar dificuldades de aprendizagem dos alunos, para facilitar a sua integração na escola e nos grupos-turma e para atenuar eventuais situações de conflito, podendo ainda contribuir para que os alunos adquiram competências para promoverem a sua própria auto-orientação e coadjuvá-los na formulação de um projecto de vida comprometido com a sua realização pessoal, social e profissional
Para que isto aconteça, devem os professores tutores conhecer as necessidades e expectativas, problemas e dificuldades, motivações, interesses e inquietudes, de cada aluno, atendendo às suas características específicas, história familiar, social e escolar, acompanhá-lo de forma continuada, promovendo e coordenando actividades, implicando os diferentes intervenientes (professores do aluno, outros departamentos mais vocacionados para a problemática dentro ou fora da escola, família), para «ensinar a ser pessoa» (jogos sociais, de papéis, …); para «ensinar a pensar» (técnicas de estudo, resolução de problemas, melhoria da memória,…); para «ensinar a conviver» (dinâmicas de grupo, mesas redondas, jogo de papéis,…); para «ensinar a comportar-se» (relaxação, concentração, pensar em voz alta, …); para «ensinar a decidir» (auto conhecimento, informação profissional, programas de orientação vocacional,…) (Odivelas, s.d.).
É nesta medida que os professores tutores devem possuir condições para assumir responsabilidades inequívocas perante os órgãos de gestão das escolas, na medida em que o seu envolvimento profissional como tutores desses alunos será a sua tarefa profissional prioritária, estabelecer pontes com as famílias, a comunidade e as instituições, de forma persistente e capaz, assessorar os professores e envolverem-se na conceptualização, implementação e monitorização de programas específicos conjugados e contratados entre todos, de forma a adequarem-se planificações, metodologias de ensino e de avaliação, na dimensão curricular, criar uma coerência de atitudes entre todos os promotores do programa e incentivar a família na colaboração, ajudando na estruturação do trabalho pessoal dos seus educandos, organização do tempo de estudo em casa, do tempo livre e de descanso.
Como afirma Zenhas (2001) “a existência de professores tutores é tão necessária quão difícil é o exercício do cargo”, uma vez que lhe é solicitado que dê um acompanhamento mais atento e mais próximo a um aluno ou a um grupo de alunos. Essa tarefa só pode obter sucesso se ele souber definir bem as prioridades e promover um trabalho de cooperação com todos quantos nele devem ser envolvidos. É também fundamental que ele consiga estabelecer empatia com o(s) aluno(s) a seu cargo.
Assim, o professor tutor deve ter uma percepção positiva da vida, assim como ter uma opinião positiva dos alunos e gostar das relações de empatia que se criam dentro da comunidade escolar; ser assertivo, ter atitudes firmes, ao mesmo tempo que mostra afecto; ter maturidade afectiva e capacidade de aceitar o outro como ele é; ser um indivíduo flexível e demonstrar abertura ao trabalho colaborativo; ser persistente e criativo; ter capacidade de análise e resolução de problemas, de gerir conflitos e buscar consensos; saber estabelecer um compromisso de confidencialidade sobre informações pessoais; orientar o seu trabalho com honestidade, não criando falsas expectativas aos alunos; ser um organizador da interacção do aluno com o objecto do conhecimento; ser um mediador que procura tornar significativa qualquer actividade formativa e que faz da experiência educativa uma experiência simultaneamente individual e socializadora; ser capaz de estimular o potencial do aluno, para o trabalho em grupo, enfim, “ser um profissional capaz de analisar o(s) contexto(s) em que se desenvolve a sua actividade, de dar respostas aos desafios de uma sociedade em mudança e de potenciar a coerência entre a diversidade e a unidade” (Bispo, 2008).
Toda esta acção tutorial, ao monitorizar e dirigir, de forma subtil, a actividade do aluno, capacitando-o para resolver problemas, ou seja, funcionando como regulador da aprendizagem.

Teorias de Vigotsky e da Actividade


Este modelo de acção fundamenta-se na teoria de Vigotsky, em que se salienta a importância do meio social na construção mais activa e interactiva do conhecimento, surgindo a ideia de mediação, em que, as relações sociais são convertidas em funções mentais superiores pelo uso de instrumentos e sinais do meio cultural. Vigotsky relaciona dois níveis de desenvolvimento: o actual, que configura o conjunto de actividades que o sujeito consegue realizar sozinho e o potencial, que representa as actividades que o sujeito seria capaz de efectuar com ajuda, indicações ou colaboração de outro(s). Á distância entre estes dois níveis, Vigotsky chamou Zona de Desenvolvimento Proximal. É nesta interacção de mediação social e cultural que a aprendizagem se torna racional e se interioriza, se torna conhecimento apropriado.
Com base nestas teorias de Vigotsky, Engeström e Leont’ev desenvolveram a teoria da Actividade, como forma de mediação, focando o processo de aprendizagem na actividade, resultante da participação activa do sujeito, levado por um motivo e fins a ser alcançados, através de instrumentos ou signos, até conseguir chegar onde deseja, estabelecendo interacções consigo próprio e com o meio social, cultural e histórico.

Conclusão

O professor tutor é este mediador que deve planear actividades envolventes, clarificando e combinando, sempre que possível, motivos e finalidades com o aluno, criando mecanismos de acção que despertem o interesse, pois se assim fizer estará a criar actividades de aprendizagem.
Criará o Plano de Acção Tutorial, instrumento que deve clarificar os critérios e procedimentos da tutoria, o aluno, família e equipa implicada, as linhas de actuação que o tutor desenvolve com todos, nomeadamente quanto às medidas para uma comunicação eficaz e para um intercâmbio de informações relevantes para melhorar o processo de aprendizagem do aluno

Acção Tutorial - tarefa proposta e objectivos

Os objectivos deste tema são: explorar a abordagem dialógica das interacções privilegiando a dialectica entre os Agentes, Intencionalidades e Contextos; analisar planos de interacção particulares, em âmbito educativo.

Este trabalho pretende, mais particularmente, caracterizar a figura de professor tutor, relacionando a sua acção, intenção e intencionalidade com as teorias de Vigotsky e a teoria da actividade.