sexta-feira, 24 de abril de 2009

Actividade 2 - Abordagem Comunicacional das Relações Interpessoais

1. Interaccionismo Simbólico
Esta formulação teórica tem origem no campo da sociologia e da filosofia e o seu pai foi George Mead (1863 – 1931), e foi continuada na Escola de Chicago, liderada por Herbert Blumer.
Segundo esta perspectiva, o homem é visto como um ser criativo, inovador e livre para definir cada situação de um modo único e imprevisível. Considera o eu e a sociedade como processos e não como estruturas, sendo estes dois – sociedade e eu em conjunto com a mente, os três conceitos cardeais desta teoria, que são ênfases diferentes sobre o processo do acto social.
Defende três premissas fundamentais a saber:
1. O desenvolvimento do sentido de self evolui nos seres humanos pela interacção de cada indivíduo com o outro e com os objectos – esta interacção parte dos significados que os objectos e as pessoas têm para si, ou seja, de símbolos. Na terminologia de Mead, um gesto com significado compartilhado pelos indivíduos na sociedade é um símbolo significante. É através da consciência dos papéis, sentimentos e valores dos outros que toma forma nas nossas mentes o outro generalizado.
Esta interacção é muito notória nos grupos de crianças com que trabalho, com idades entre os 3 e os 6 anos. Nesta fase a criança representa o papel dos outros significativos no seu meio ambiente, fingindo ser outra pessoa e actuando em relação a um receptor, que, na realidade, é ela própria.
Esta fase é crucial para que as crianças se apropriem do conceito do outro organizado e por isso se deve promover as actividades de “faz de conta”.
2. O significado baseia-se na interacção simbólica com outras pessoas ao longo da vida, formando o self, que possui duas facetas: o eu-mesmo, a parte única, impulsiva, espontânea, desorganizada, não-dirigida e imprevisível da pessoa e o mim, que é o outro organizado, composto de padrões organizados e consistentes compartilhados com outros. Todo acto se inicia com um impulso do eu-mesmo, e que passa rapidamente a ser controlado pelo mim, que fornece direcção e orientação.
Qual de nós, professores, não deparámos tantas vezes com situações de comunicação, quer com alunos, familiares ou pares, que se inicia com uma mensagem mais impulsiva, provocatória ou sentida como ofensiva???? Temos que ter o bom senso de não “responder à letra”, pensar bem na resposta e na mensagem e significado que enviamos, para que a situação acalme e, até, se desenvolva num sentido construtivo e formativo.
3. Os significados são manipulados e modificados através de um processo interpretativo usado pela pessoa no trato com as coisas com que se defronta. A pessoa deve avaliar e interpretar a situação e planear uma resposta adequada. Na comunicação, a pessoa interpreta a intenção do outro, elabora a sua resposta sustentada nessa interpretação e exterioriza-se através de gestos simbólicos, que indicam as suas intenções e apontam para aquilo que espera como resposta. Então o significado é interpretado por ambos, resultando uma interacção e boa interpretação das acções. Para isso, é necessário assumir o papel do outro, para se ver a si próprio.
Numa sala de aula, devemos estimular o diálogo, a comunicação, chamando a atenção para estes elementos tão relevantes, como o pormo-nos no lugar do outro, o reflectir sobre a resposta, sem ser impulsivo e espontâneo. Hoje em dia, que cada vez se comunica menos, os jovens falam por monossílabos ou por mensagens de telemóvel, não reflectem sobre as coisas… Incentivemos o diálogo e a comunicação, a interacção…

2. Escola de Palo Alto
Este modelo tem origem nos anos 80 e tem como precursor Bateson e define axiomas de comunicação:
1. Na perspectiva deste modelo, não é possível não comunicar. Sempre que estamos junto com outras pessoas, há sempre comunicação: um olhar, um sorriso, um esgar, até a roupa que se veste, o modo como se anda… todo o comportamento transmite uma mensagem, que pode ser analógica, não verbal, transportando um significado, mesmo sem a comunicação digital, codificada e essencialmente verbal.
De facto, recebemos mensagens dos outros sem serem verbais. É necessário estarmos atentos a estes sinais dos outros, e na escola, quer dos alunos, como dos nossos pares, porque muitas vezes essas mensagens podem ser chamadas de atenção e procura de uma interacção que pode resultar num processo de resolução de problemas.
2. Toda a comunicação tem uma dimensão de conteúdo, em que se transmite os “dados” e uma dimensão de relação, que indica a forma como a mensagem deve ser entendida, sendo que esta classifica a primeira, é uma comunicação sobre a comunicação, constituindo-se uma meta comunicação.
É de reforçar, neste ponto, a necessidade de prestar atenção à comunicação não verbal, observando o contexto relacional e percebendo mais a informação sobre o que o outro realmente nos está a comunicar.
3. A natureza de uma relação depende da pontuação das sequências comunicacionais, sendo que esta organiza os eventos comportamentais (comunicacionais), nem sempre é coincidente com a do outro participante.
4. As permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares, conforme as interacções se baseiam na igualdade ou na diferença de papéis. Na relação simétrica, caracterizada pela igualdade e minimização da diferença, os agentes tendem a reflectir o comportamento um do outro e normalmente são relações de rivalidade, competição. Nas relações de complementaridade, caracterizadas pela maximização da diferença, o comportamento de um complementa o do outro e normalmente são relações de solidariedade.

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